quinta-feira, maio 03, 2007

O MEU AMIGO TURCO

foto tirada da net

Se recordar é viver

Como toda a gente diz

Recorda para viver

E vive para ser feliz

**************************Já alguém perguntou: Então?? Não há mais histórias ?

Cá vai outra:

O meu avô não me queria ver tanto tempo ausente. Então, metia-se na camioneta e vinha buscar-me a Lisboa.(Naquele tempo ainda poucos carros havia)

Dizia para a minha mãe, quando cá chegava: “ A minha menina não é nenhum passarito para estar aqui fechado nesta gaiola”. E lá ia eu, feliz da vida, empoleirada á janela, para um tempo de grande liberdade, que às vezes chegava aos dois meses.

Quem tem acompanhado histórias anteriores, sabe que por lá havia uma catrefada de primos com quem podia brincar na rua, trepar a tudo quanto era árvore e brincar com os animais lá na quinta. E havia lá: cavalos, ovelhas, cabras, porcos , 1 boi , galinhas e coelhos com fartura.

Eu, à solta por lá, esmerava-me nas patifarias.

Mas também era muito protectora para os mais novos. Andávamos sempre de mãos dadas, estilo carreiro de formigas…

Lembro-me bem do que vou contar:

Podíamos andar à solta porque a casa ficava na parte alta da aldeia e raramente passava alguém.

Depois do almoço , a canalha miúda ía toda dormir. Seguia-se o lanche ,dado pela Hermínia ( uma jovem de vinte e poucos anos, que tinha uma paciência de anjo para nos aturar ), e que era a empregada interna (antigamente chamava-se criada) .

Depois do lanche, lá íamos nós, sózinhos, de mãos dadas, ter com os avós à quinta, que ficava a uns 300 metros da habitação.

Ainda faltava muito para lá chegar e já o Turco ladrava (um Serra da Estrela que me odiava).

Parávamos ao portão, enorme, de ferro preto e esperávamos que nos viessem buscar. Chamávamos pela avó.

Muitas vezes, ela e o pessoal andavam ao fundo da quinta e nem sempre nos ouviam chamar.

A Lurditas, a mais velha, já não dormia a sesta e por ter um medo horroroso do cão, ia sempre com a avó.Por isso já por lá andava a chafurdar na água da rega.

Eu, do lado de fora do muro,( e como era a mais velha daquele grupo), tinha de resolver o caso.

Pelo portão não entrávamos, porque o Turco,( embora preso com uma grossa corrente de ferro), chegava lá.

Eu abria o portão e fugia para trás. O cão ladrava ,galopava na nossa direcção e empertigava-se todo.

Os outros esperavam do lado de fora, na estrada.

De seguida ,eu ia até à esquina do muro.Era por lá que podia entrar, pois havia uma falha no muro.

Já lá dentro tinha de superar vários obstáculos.

Primeiro : Tinha de atravessar 3 socalcos de terra repletos de colmeias cheias de abelhas.

Não podia correr, ….senão elas caíam-me todas em cima fazendo de mim uma colmeia cheia de abelhas.

De seguida,( e depois de, -tal era a pressa- pisar tudo quanto era cultura) , chegava à zona dos tanques.

O Cavalo, que andava a tirar água à volta do poço, até andava mais depressa quando me via.

Tinha –me um medo horroroso, pois eu não fazia nada senão a correr. E ele assustava-se.

Então, eu passava pelo tanque mais pequeno,( o de lavar a roupa) e punha água no regador.

Devagarinho, e muito encostadinha à parte interior do muro, avançava até perto do portão.

O Turco olhava-me assustadoramente e ladrava.

Eu apontava-lhe o regador e atirava água.

O animal Fugia.

Um dos primos aproveitava e….passava a correr.

O cão corria atrás dele.

Um já lá estava dentro…

E ia sentar-se no canteiro das flores.

Era aí que esperava pelos outros.

A cena repetia-se até passar o último.

E o animal não deixava passar mais que um de cada vez….

Depois disto:

O portão ficava então com a metade aberta. Também não havia problema. Naquela quinta ninguém entrava com aquele cão!

E se era tempo das uvas, não íamos ter com a avó sem antes eu trepar por uma escada e

apanhar uvas morangueiras para todos comermos. Ficávamos todos lambuzados mas felizes!

Quando chegava à altura da vindima, já não havia uvas, porque, onde eu chegasse, a vindima já tinha sido feita.

Ninguém me ralhava por isso. Só me ralhavam quando eu caía e me magoava.

Ao recordar este episódio, penso muita vez que, se o cão algum dia tivesse partido a corrente, a esta hora nenhum de nós estaria certamente vivo.

E,com a raiva que ele me tinha, seria eu, talvez, a primeira a quem ele se atirava.

BOM FIM DE SEMANA

TURBOLENTA

18 comentários:

Claudiacva disse...

Eras cá uma pestinha LOL isso é que era boa vida, hoje em dia os miudos nao sabem o que é isso.
Gostei muito da historia. BEijinhos

Aninha disse...

Eheheh eras uma pestinha muito esperta ;) Mas realmente depois de tantas histórias que ouvimos sobre os cães violentos, é mesmo preciso ter cuidado...

****

HelloCátia disse...

ola tia...
eheheh, tia marota....
historia muito engraçada
muitos beijinhos para a minha tia

catarina e manelecos disse...

Olá!! Essas histórias fizeram-me lembrar também o passado, quando ia ter com a minha avó ficava lá e fazia piqueniques com os primos e amigos...que saudades...beijinhos

Anónimo disse...

Opá as tuas histórias são fantasticas. Ponho-me a imaginar tudo ao pormenor, que giro =)
Grande Beijo e bom fim-de-semana **

Anónimo disse...

Esta história é o máximo!

Bjs e bom fds

Mónica

Estela disse...

Simlesmente deliciosa, mais uma vez...
Tens desafio no meu blog!!!
Beijinhos

Enfim... disse...

lol devias ser fresca devias lol

Bjokas

Bom fim semana

ximiusa disse...

fogo ALTA INFANCIA!! assim sim valia a pena, e aposto k hoje em dia nao és uma medricas por bixos como eu!
olha o destak e o metro, é como tudo, uns dias usa-s outros não.
nao és nada exigente, se eu lesse jornais d certeza k desprezaria akeles. mas uma coisa serve, ter ideias pos fdsemana (as vezes)
e nao nao, nem belem nem sintra. agora so vou pa sitios sem doces caracteristicos bolas!

Helena disse...

Olá Turb-Ó-lenta. Tu devias ser "fresca" devias! Revi-me um pouco nessas férias paradisiacas, rodeada de primos, com liberdade para correr e saltar, brincando até de noite, numa aldeia perto de Trancoso. Os serra da estrela são lindíssimos, mas perto de uma criança pequena quase parecem póneis. As tuas "estórias" de infância são sempre uma delícia.


Então, agora os "cotas", estão sozinhos, sem a ninhada? Aproveitem para namoriscar :)
E o teu marido, deve estar cansado da situação, deve ser bem aborrecido estar tanto tempo assim, com melhoras tão lentas... As favas parecem-me bem, pelo menos crecidinhas, mas confesso que não percebo nada de favas, só as identifico no prato.
Tenham um bom fim-de-semana. Um grande beijo para ti.

minds disse...

Ainda bem k ele nunca te apanhou... senao hoje , eu nao me ria tanto a ler as tuas historias....
Mas isso e k era vida!!! Eram felizes!!!

Um beijo enorme e um bom fim de semana

Lídia Lopes disse...

Acabei de galardoar o "Dietas e Companhia" com o Thinking Blogger Award :) Mais informações na minha Cozinha...
Beijos

_+*Ælitis*+_ disse...

Rica infancia tu tiveste! também passei um pedacinho dela ai em Portugal e tb tinha um tio fantastico que me fazia desanuviar um pouco da gaiola onde eu morava :) saudades de ter tido essa infancia europeia e africana! beijos para ti!

PS: adoro os teus comentarios, sao lindos, completos, sensatos... adoro!

Miminhos do Guinho disse...

Lolol...foi a primeira história q li...realmente fantástica...sim senhora...além de escreveres muito bem...nota-se q tiveste uma infância mto feliz nessa quinta....Beijokas...Feliz dia da mãe....apesar da tua nina ñ estar ctg...mas está sp no teu coração e tu no dela...bjs

Anónimo disse...

Olá,
conhece a Vanessa Fernandes?

Várias Paixões disse...

Espero que tenhas passado um Feliz dia da Mãe, beijinhos grandes
Ana

Anónimo disse...

Tem toda a razão!
Agora explique lá uma coisa...
De quem é que gostava o Turco?

Animal chato aquele.
Beijo.

Anónimo disse...

Olá menina. Como estas? Ando um pouco desaparecida e ando agora nas visitas. Como vai a dieta? As tuas historias são sempre fantasticas. *