Há muito que não contava uma estória.
E esta vem mesmo a propósito do tema: uma viagem aos Açores .
A primeira vez que fui a S.Miguel foi em Janeiro de 1975.
Um jovem casal amigo ía lá a fim de o marido ver quais as alterações a fazer num projecto existente em Ponta Delgada. E lá fomos os 3.Foi uma viagem que me ficou na memória por vários factores, uns bem melhores que outros, mas que, mesmo assim, não deixam de ser (agora) contados com risadas.
Escusado será dizer que nessa época do ano o tempo esteve sempre chuvoso, cinzento e triste. As núvens sempre baixas ( o que raramente permitiu uma total visão nos miradouros por onde passamos). E, como acho por bem dizer: quando não chovia para lá caminhava.
Por isso, se queríamos tirar fotos era debaixo do chapéu de chuva. A humidade era tanta que, ao fim daqueles dias consegui trazer 3 rolos coloridos de 36 fotos cada.Quanto à qualidade das fotos: maravilhosa! Uma profusão dos mais variados tons de cinzento que foi um espectáculo. E como se isto não bastasse... a máquina teve de ir para arranjar!Mas não era disto que queria falar.
Era das vacas.
Aqueles animais na sua maioria pretos e brancos que se encontravam em todas as encostas, em todas as pastagens, à beira das estradas e....no meio delas.
Suas excelências apareciam em grupos enormes à frente dos carros e era deixá-las passar, pachorrentas.
O próprio aeroporto , mais pequeno que o actual, tinha uma pequena barreira que dava para a pista e com uma vedação de rede à volta. E não foi uma nem duas vezes que os aviões depois de se fazerem à pista tinham de ir dar mais uma voltinha com os passageiros para que "as malhadinhas" fossem empurradas para fora da pista pois os animais tinham-se esgueirado para o alcatrão por algum buraco na rede.
Nesse tempo, o aeroporto era conhecido como "aerovacas".Agora , imaginem a seguinte cena passada com estes 3 turistas e com umas vaquitas...
Alugamos um carro e num dos dias fomos às Sete Cidades.Lembro-me de termos estado no miradouro da Vista do Rei e ao entrarmos naquela dita Vila a rua ser em paralelipípedos e ter uma pequena descida. Desembocava numa estreita rua com casas baixinhas do lado direito, estilo casas sociais e do esquerdo uma pequena barreira com umas pastagens em cima. O piso da rua era terra batida. Com a chuva e porque ficava numa parte baixa, havia alguma lama.
Era eu que levava o carro e de repente só vejo umas vacas descerem a barreira e atravessarem-se à frente do carro.Tive de parar.
Quando ía para arrancar o carro atolou.
Olhamos uns para os outros e aflitos, já nos imaginavamos a sair do carro no meio do lamaçal, a termos de o empurrar, os pés e as pernas todos sujos e o carro alugado também.
E enquanto ali permanecemos, vem atrás das vacas um senhor com um grande pau na mão.
Chega-se o pé do carro e disse, com a mão no ar: "Sinhô na sai...Ispéra aí".
Dizendo isto, desapareceu atrás das vacas por entre as casas.Olhamos e às portas apareceram algumas pessoas que ali permaneceram a ver o resto "do filme".
Esperamos pelo homem uns minutos (que nos pareceram horas) e quando pensávamos que ele já não vinha e amaldiçoávamos as vacas, a lama , o homem que nos tinha enganado e decidíamos então quem empurrava e quem ficava com os pés limpinhos, eis que sai entre as casas um tractor em nossa direcção.
Era o homem das vacas!
Desceu, prendeu o carro ao tractor com uma corda.Subiu de novo para o tractor e depois de nos rebocar para uns metros mais à frente, parou novamente, tirando a corda e dizendo-nos, com um riso de orelha a orelha: "Pode segui!".
Depois achamos graça à situação.E ainda pensamos que por cá, talvez isto tivesse outro desfecho.
Talvez os "meninos"não saissem dali tão limpos quanto haviam chegado.
Mas é assim mesmo: os Açoreanos são mesmo prestáveis, humildes, simpáticos, gostam de ajudar os outros e tratam maravilhosamente bem quem os visita.
Eles sabem que o turismo é a sua grande fonte de rendimento e como tal esforçam-se por bem receber.
São estes os atributos (além da beleza paisagística) que fazem muitos turistas voltar novamente.
Por estas e por outras é que gosto tanto de lá voltar.
E, quando volto passado algum tempo, uma coisa tenho a certeza: Cada vez vejo menos as minhas amigas vacas.
Antigamente bastava sair da capital e havia-as em tudo quanto era terreno. Agora, embora haja muitas, nada se compara às que havia há alguns anos.
(miradouro da Ponta da Madrugada- Nordeste)
E, como prova do que escrevi e da grande simpatia para quem os visita ,deixo esta foto.
Há por todo o lado parques, retiros ou miradouros com mesas e bancos- muitos deles com alpendres como este, pois a chuva aparece com frequência e churrasqueiras.... com lenha.
Por isso, se os restaurantes são caros, ninguém fica com fome pois pode fazer sempre um grelhadinho na hora.
lol lol
bom fim de semana
A primeira vez que fui a S.Miguel foi em Janeiro de 1975.
Um jovem casal amigo ía lá a fim de o marido ver quais as alterações a fazer num projecto existente em Ponta Delgada. E lá fomos os 3.Foi uma viagem que me ficou na memória por vários factores, uns bem melhores que outros, mas que, mesmo assim, não deixam de ser (agora) contados com risadas.
Escusado será dizer que nessa época do ano o tempo esteve sempre chuvoso, cinzento e triste. As núvens sempre baixas ( o que raramente permitiu uma total visão nos miradouros por onde passamos). E, como acho por bem dizer: quando não chovia para lá caminhava.
Por isso, se queríamos tirar fotos era debaixo do chapéu de chuva. A humidade era tanta que, ao fim daqueles dias consegui trazer 3 rolos coloridos de 36 fotos cada.Quanto à qualidade das fotos: maravilhosa! Uma profusão dos mais variados tons de cinzento que foi um espectáculo. E como se isto não bastasse... a máquina teve de ir para arranjar!Mas não era disto que queria falar.
Era das vacas.
Aqueles animais na sua maioria pretos e brancos que se encontravam em todas as encostas, em todas as pastagens, à beira das estradas e....no meio delas.
Suas excelências apareciam em grupos enormes à frente dos carros e era deixá-las passar, pachorrentas.
O próprio aeroporto , mais pequeno que o actual, tinha uma pequena barreira que dava para a pista e com uma vedação de rede à volta. E não foi uma nem duas vezes que os aviões depois de se fazerem à pista tinham de ir dar mais uma voltinha com os passageiros para que "as malhadinhas" fossem empurradas para fora da pista pois os animais tinham-se esgueirado para o alcatrão por algum buraco na rede.
Nesse tempo, o aeroporto era conhecido como "aerovacas".Agora , imaginem a seguinte cena passada com estes 3 turistas e com umas vaquitas...
Alugamos um carro e num dos dias fomos às Sete Cidades.Lembro-me de termos estado no miradouro da Vista do Rei e ao entrarmos naquela dita Vila a rua ser em paralelipípedos e ter uma pequena descida. Desembocava numa estreita rua com casas baixinhas do lado direito, estilo casas sociais e do esquerdo uma pequena barreira com umas pastagens em cima. O piso da rua era terra batida. Com a chuva e porque ficava numa parte baixa, havia alguma lama.
Era eu que levava o carro e de repente só vejo umas vacas descerem a barreira e atravessarem-se à frente do carro.Tive de parar.
Quando ía para arrancar o carro atolou.
Olhamos uns para os outros e aflitos, já nos imaginavamos a sair do carro no meio do lamaçal, a termos de o empurrar, os pés e as pernas todos sujos e o carro alugado também.
E enquanto ali permanecemos, vem atrás das vacas um senhor com um grande pau na mão.
Chega-se o pé do carro e disse, com a mão no ar: "Sinhô na sai...Ispéra aí".
Dizendo isto, desapareceu atrás das vacas por entre as casas.Olhamos e às portas apareceram algumas pessoas que ali permaneceram a ver o resto "do filme".
Esperamos pelo homem uns minutos (que nos pareceram horas) e quando pensávamos que ele já não vinha e amaldiçoávamos as vacas, a lama , o homem que nos tinha enganado e decidíamos então quem empurrava e quem ficava com os pés limpinhos, eis que sai entre as casas um tractor em nossa direcção.
Era o homem das vacas!
Desceu, prendeu o carro ao tractor com uma corda.Subiu de novo para o tractor e depois de nos rebocar para uns metros mais à frente, parou novamente, tirando a corda e dizendo-nos, com um riso de orelha a orelha: "Pode segui!".
Depois achamos graça à situação.E ainda pensamos que por cá, talvez isto tivesse outro desfecho.
Talvez os "meninos"não saissem dali tão limpos quanto haviam chegado.
Mas é assim mesmo: os Açoreanos são mesmo prestáveis, humildes, simpáticos, gostam de ajudar os outros e tratam maravilhosamente bem quem os visita.
Eles sabem que o turismo é a sua grande fonte de rendimento e como tal esforçam-se por bem receber.
São estes os atributos (além da beleza paisagística) que fazem muitos turistas voltar novamente.
Por estas e por outras é que gosto tanto de lá voltar.
E, quando volto passado algum tempo, uma coisa tenho a certeza: Cada vez vejo menos as minhas amigas vacas.
Antigamente bastava sair da capital e havia-as em tudo quanto era terreno. Agora, embora haja muitas, nada se compara às que havia há alguns anos.
(miradouro da Ponta da Madrugada- Nordeste)
E, como prova do que escrevi e da grande simpatia para quem os visita ,deixo esta foto.
Há por todo o lado parques, retiros ou miradouros com mesas e bancos- muitos deles com alpendres como este, pois a chuva aparece com frequência e churrasqueiras.... com lenha.
Por isso, se os restaurantes são caros, ninguém fica com fome pois pode fazer sempre um grelhadinho na hora.
lol lol
bom fim de semana
5 comentários:
Minha amiga isso é que foi uma peripécia muito gira é bom eu saber dessas para contar aos meus familiares que andam sempre a crer que eu vá aos Açores a mulher do meu primo ela é açoriana mas como diz ela é uma jóia de pessoa no ano passado vieram cá passar férias... ele é de cá mas fez lá a tropa e casou com a Manuela e nunca mais veio para cá tem lá uma bela vida.
Um beijinho e resto de bom domingo.
Turbolenta disse a Natércia:
Então vou-lhe contar outra:
O voo atrasou à saída de Lisboa.Chegados a P.Delgada ainda estivemos à espera do senhor da empresa de aluguer de carros. Depois, ainda fomos buscar a chave da casa e,por isso,era já bastante tarde quando nos despachamos para jantar. Indicaram-nos um restaurante dizendo que era o que fechava mais tarde. Chegados lá, o senhor já estava mesmo a fechar o restaurante.Quando soube que tínhamos chegado do Continente, não hesitou.Chamou a cozinheira(que já estava de abalada e que já tinha a cozinha toda arrumada)e lá jantámos.
Pois o senhor ,palavra puxa palavra, acabou por ficar à conversa connosco, a beber uns copos,(mesmo depois da empregada já ter lavado a nossa louça). E ali ficamos quase até às 2 da manhã.
Quem nos visse e ouvisse, parecia que eramos todos velhos amigos.
Impecável!
Os meus filhos estavam encantados. Só se riam!
A 1ªvez que visitei S.Miguel foi há 11anos e a última o ano passado...a diferença é abismal. Nesta ilha já não são tão simples como dantes, mas felizmente nas outras ilhas ainda se encontra muita hospitalidade.
beijocas
O pior episódio passado nos Açores com vacas foi quando quisemos ir ver um farol, já nem sei em que ilha. Pois no meio da estrada estava um grupo de vacas. Buzinei, acelerei, chamei-lhes nomes, nem tugiram nem mugiram, tive de fazer marcha-atrás e desistir do passeio...
A verdade é que elas estão nas suas pastagens,na sua aldeia, nós é que somos os intrusos, ehehehe
Pena é que cada vez são menos, o leitinho dos açores é tão bom....
beijinhos
Alda
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