
Portanto, não restam vestígios das mazelas sofridas.
Mas, a verdade, é que se tornou doloroso sair à rua, pois todos olhavam. Os conhecidos queriam saber pormenores. E agora que tanto se fala em violência doméstica, deviam pensar que tinha sido agredida e olhavam para mim com aquele pensamento à Portuga: “ Coitada ! ”.
Livre de vestígios: o golpe cicatrizou, o pisado já recuperou a cor branca, finalmente posso pavonear-me livremente sem ser alvo de todos os olhares alheios, indiscretos e penosos!
Lol lol
(A quem se interessou por este caso: os meus agradecimentos)
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Pode parecer um presépio de uma zona tropical...mas não é !
Também o ano passado.
Local: Praia das Rocas
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Como caminhamos a passos largos para o Natal, está oficialmente aberta neste blog a época Natalícia.
E, porque Natal é época de partilha (e eu já não o fazia há muito), quero contar-vos uma história com muitos anos.
Reporta-se a um longínquo Natal .
Tinha 6 anos e ainda acreditava plenamente no Pai Natal (que dava as prendas aos meninos que se portavam bem, mas a mando do Menino Jesus).
Na noite de 24 Dezembro era a azáfama da preparação de toda aquela imensidão de fritos alusivos à época.
As cozinhas tinham umas chaminés altas, com o fundo em mármore branco, (onde se colocavam os fogões a petróleo (estilo: actual Camping gaz) ou os de gás (com o forno incorporado).
Depois do jantar e da cozinha arrumada, havia que fazer os preparativos para que o Pai Natal pudesse deixar os presentes.
A chaminé era forrada com papel de seda branco. Uns pratinhos com fritos completavam a decoração (ele podia ter fome!).
Depois….eram os meus sapatos que eu tinha de engraxar na perfeição (pois se não o fizesse bem : eu não tinha presentes).
A seguir: tinha de ir dormir .
Na manhã seguinte lá estavam eles à minha espera
A minha mãe e a tia esperavam que eu já estivesse a dormir para “rechearem” o sapatinho.
O meu quarto pegava à cozinha.
Quando elas acharam que eu estava a dormir….vai de lá colocarem 2 ou 3 coisitas (os tempos eram outros- o dinheiro pouco- e as prendas minúsculas).
Fizeram barulho e eu acordei.
Vi luz na cozinha.
Levantei-me.
Estremunhada fui ver.
Corri para o sapatinho e….não estava lá nada.
Olhei para o cimo da chaminé e….ainda lhe vi as botas do Pai Natal a fugirem pela chaminé acima .
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No dia 25 tinha lá:
Uma mobília de madeira alentejana pintada com umas florinhas(com 1 móvel, 1 mesa e 2 cadeiras. Em cima da mesa: 1 tabuleiro de plástico verde, com 1 garrafita e 6 copos de pé alto)
Fiquei feliz.
Fui para a varanda brincar com “aqueles luxos”.
Mas como a varanda tinha umas grades, …..Veio de lá uma rabanada de vento e voaram 2 copos.
Ainda fui ao quintal do R/C a ver se os encontrava no meio do matagal das flores que a velhota lá tinha. Claro que aquelas coisinhas tão pequeninas devem ter voado para bem longe. Fiquei com o que restou. Nunca mais os levei para a varanda!
Anos mais tarde vim a saber que, no meio da confusão, a minha mãe já tinha na mão a caixa da mobília, que escondeu, à pressa, atrás das costas.
A minha tia, essa , encostou-se à mesa para tapar a mobília….
Foi esse barulho do tirar da caixa que eu ouvi e que me acordou.
Mas só no ano seguinte sofri a desilusão do ……Pai Natal ….
Não o soube da melhor forma, …..mas fica para um destes dias…..